Caribou - Swim


A arte da mutação é valor, argumento ou caminho que nem sempre traz os melhores resultados nas mais variadas obras… E o canadiano Daniel Victor Snaith é um claro exemplo de como a “mudança” nem sempre abre os melhores caminhos. Filho de um matemático, irmão de uma professora universitária de… matemática, começou por definir um rumo no ofício da família. A primeira mutação, que o desviou em exclusivo das reflexões mais abstractas para um terreno concreto, feito de música, revelou (através dos primeiros títulos que gravou como Manitoba) um dos mais interessantes pensadores da música electrónica dos primeiros anos do novo século. Ao mesmo tempo que completava uma tese no Imperial College londrino, uma nova mutação desviava a sua música rumo a outros caminhos, passando a assinar os discos como Caribou revelando todavia a nova música uma abertura de horizontes a outros interesses que o afastaram para opções que geraram discos progressivamente menos marcantes… Sem mudar novamente de nome, Daniel volta contudo a convocar uma ideia de mutação que agora faz suceder ao psicadelismo pouco estimulante do anterior Andorra (de 2007) um álbum que o devolve a um lugar de protagonismo nos universos da música electrónica, e desta vez com a canção mais que nunca no centro das atenções. Swim é um disco feito de uma espantosa sucessão de quadros que, maioritariamente cantados, fazem do novo disco de Caribou uma das mais interessantes colecções de canções desenhadas a ferramentas electrónicas dos últimos tempos. Os ambientes e texturas que definem os cenários partilham protagonismo com um melodismo apurado, os desejos mais experimentalistas mostrando assim como a partilha de interesses com a canção pop é possível. E está encontrado mais um daqueles discos a inscrever na história dos momentos incontornáveis de 2010.




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