Insólito efeito mediático: nos mais diversos meios de comunicação (p.ex.: revista People), a performance de Ricky Gervais como apresentador da 69ª edição dos Globos de Ouro foi tida como uma "cedência", incapaz de repetir as "insolências" do ano passado. Dito de outro modo: para muito boa gente, Gervais deveria ter insultado mais os seus semelhantes, em especial os que estavam na sala...
Há qualquer coisa de pueril em tudo isto, qualquer coisa que ignora (ou finge ignorar) que o regresso do apresentador inglês decorreu, acima de tudo, da tentativa de garantir boas audiências televisivas, ancoradas na expectativa de repetição do "escândalo" do ano passado.
Qual escândalo? Eis o que importa perguntar. De facto, vivemos sob o jugo de um imaginário jornalístico (?) que só sabe valorizar as "agitações" e "polémicas" de todos os géneros. Veja-se no futebol: qualquer treinador que, com ou sem razão, ataque os "árbitros" tem garantidos vários dias de manchetes. Depois, passa-se à frente... Em boa verdade, Gervais não foi "melhor" nem "pior" que o ano passado. Limitou-se a cumprir uma tarefa profissional de repetição, desta vez com a limitação inevitável de já não poder gerar um genuíno efeito de surpresa.
Logo na introdução, Gervais definiu assim a cerimónia: "Os Globos de Ouro estão para os Oscars como Kim Kardashian está para Kate Middleton, apenas fazem mais barulho, são mais rascas e compram-se com mais facilidade." Para os vigilantes dos maus costumes, não bastou — tivesse ele cuspido em alguém ou alguma coisa e seria consagrado como um enfant terrible do espectáculo.
Tristes dias. E Gervais não tem culpa.
Há qualquer coisa de pueril em tudo isto, qualquer coisa que ignora (ou finge ignorar) que o regresso do apresentador inglês decorreu, acima de tudo, da tentativa de garantir boas audiências televisivas, ancoradas na expectativa de repetição do "escândalo" do ano passado.
Qual escândalo? Eis o que importa perguntar. De facto, vivemos sob o jugo de um imaginário jornalístico (?) que só sabe valorizar as "agitações" e "polémicas" de todos os géneros. Veja-se no futebol: qualquer treinador que, com ou sem razão, ataque os "árbitros" tem garantidos vários dias de manchetes. Depois, passa-se à frente... Em boa verdade, Gervais não foi "melhor" nem "pior" que o ano passado. Limitou-se a cumprir uma tarefa profissional de repetição, desta vez com a limitação inevitável de já não poder gerar um genuíno efeito de surpresa.
Logo na introdução, Gervais definiu assim a cerimónia: "Os Globos de Ouro estão para os Oscars como Kim Kardashian está para Kate Middleton, apenas fazem mais barulho, são mais rascas e compram-se com mais facilidade." Para os vigilantes dos maus costumes, não bastou — tivesse ele cuspido em alguém ou alguma coisa e seria consagrado como um enfant terrible do espectáculo.
Tristes dias. E Gervais não tem culpa.
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