Há precisamente um ano o álbum a que simplesmente chamou B Fachada consolidava a sua presença como a grande revelação de uma nova geração na música nascida deste lado da fronteira. E 2010 mais não fez senão juntar novos e consequentes episódios a uma carreira que, em tudo, confirmou este ano as promessas que então se levantavam. Além do to trabalho com os Diabo na Cruz, um EP de Verão com uma mão cheia de belas canções manteve o seu nome entre as listas das novidades. Mas o ano não podia acabar sem mais um disco. Há tradições que não precisam de mudar, de facto... E B Fachada é pra Meninos não só nos apresenta nova colecção de canções feitas de boa carpintaria de letra e música, como expressa a novidade através de uma opção de produção polida como nunca antes a sua música conhecera, apresentando em linhas claras uma música atenta ao detalhe, cenicamente rica em discretos acontecimentos. As canções vivem de jogos de minuaturas de ideias que se definem com ajuda de instrumentos vários, alguns deles de brincar. Serão por isso frequentes as citações a Pascal Comelade que veremos escritas, apesar de, como se expressa no texto oficial de apresentação, a aproximação de B Fachada se fazer mais pelo azimute de abordagens encontradas em discos de Toquinho e Vinicius. B Fachada é Pra Meninos não é porém um B Partimpim. As histórias de meninice chegam por um ângulo que soma anos de vida e um olhar observador e crítico do dia a dia, a canção de abertura deixando logo claro que não estamos perante um programa necessariamente para os mais pequenos. Nota ainda para as parcerias vocais, a que partilha com Lula Pena pedindo cenas dos próximos capítulos! Depurada a relação mais visceral com heranças da tradição popular que antes encontramos na música de B Fachada, o seu novo disco representa um pouco para a a sua obra o que os álbuns de inícios dos anos 80 de Sérgio Godinho (Canto da Boca e Coincidências) então operaram na sua carreira, alargando horizontes e possibilidades sem em nada macular a construção (em curso) de uma linguagem muito pessoal. E assim B Fachada fecha mais um ano com o melhor disco que a música portuguesa nos deu em 12 meses.
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