Son Lux - Rising by Son Lux
Son Lux - We Are Rising
Son Lux - Rising by Son Lux
World's Greatest News Anchor
O que tem despertado a atenção dos internautas e os faz assistir a este pequeno trecho de noticiário em holandês é o decote com que a repórter apresenta as notícias.
Com quase quatro milhões de visualizações, o vídeo de Aicha Marghadi, entitulado "A melhor apresentadora de notícias do Mundo", está a tornar-se viral e a circular nas redes sociais.
Cão Loukanikos considerado uma das personalidades do ano
Desde o início dos protestos de rua na Grécia, Loukanikos (que em grego significa “salsicha”) tem marcado presença em todas as manifestações, para grande desespero das forças anti-motim, lembra o jornal espanhol La Vanguardia.
O animal não se intimida perante os polícias, nem se assusta com o gás lacrimogéneo e está sempre disposto a proteger os manifestantes.
Loukanikos tornou-se mundialmente famoso em Maio do ano passado depois de o jornal britânico Guardian ter publicado um conjunto de fotografias suas em várias manifestações.
Desde então, ganhou uma conta no Twitter, várias páginas no Facebook e diversos clubes de fãs.
Person of the year
A união e a luta compensam, sempre!!!!
O Sindicato dos Enfermeiros (SE) acompanhou-os e denunciou junto da ARSN e outras instâncias a incoerência e perigosidade da suspensão dos postos de trabalho, cujos cuidados de Enfermagem são necessários aos doentes. (ver mais)
Sons de 2011 (5)
The Kills - "Heart Is A Beating Drum" (Blood Pressures)
Ty Segall - "You Make The Sun Fry" (Goodbye Bread)
Chad VanGaalen - "Replace Me" (Diaper Island)
Jeff the Brotherhood - "Diamond Way" (We Are The Champions)
Sons de 2011 (4)
Munchi - "Hope" (Murda Sound EP)
Young Montana? - Sacre Cool (Limerence)
Sepalcure - "Pencil Pimp" (Sepalcure)
Rustie - "Surph" (Glass Swords)
Araab Muzik - "Free Spirit" (Electronic Dream)
Sons de 2011 (3)
SBTRKT - "Wildfire" (SBTRKT)
Holy Ghost! - "Some Children" (Holy Ghost!)
Drake - Headlines (Take Care)
Toro Y Moi - "All Alone" (Freaking Out)
AZEALIA BANKS
Masturbation Notice
Como assassinar um sistema de saúde?
"Em Portugal, quando se fala na saúde, vira-se logo a agulheta de pressão para os Enfermeiros.
E se o seu filho se chamasse Paracetamol?
Paracetamol, Semáforo, Doctor, Figo ou Mariano Monamour são exemplos de nomes que os romenos vão deixar de poder atribuir aos seus filhos. O novo Código Civil, em vigor desde este mês de Outubro, veio livrar de futuras vergonhas os recém-nascidos.
Até aqui, era assim: os romenos tinham a liberdade de atribuir aos seus filhos os nomes que bem entendessem. Por isso, não é de estranhar que, na Roménia, exista quem se chame Hitler, Lixo, Mamilo, Morto, Polícia e... Bom, até nem falta quem se chame Cu.
A agência noticiosa Efe deu-se ao cuidado de percorrer o Anuário Estatístico de 2010, e deu com 611 pessoas chamadas de Touronegro, 581 Mortes e três chamados Colhão. E também encontraram nomes dedicados às instituições do Estado e aos profissionais que ajudam a melhorar a vida dos cidadãos. Então, não falta quem se chame Justiça, Polícia, Bombeiro e, inclusive, Ambulância.
E há também pais que, visionando um futuro brilhante para os filhos, foram logo pondo-lhes os nomes de Presidente ou Ministro.
Como não podia deixar de ser, o futebol é sempre uma boa fonte inspiradora. Daí que se tenham multiplicado os Beckham, Figo e Zidane.
A partir de agora, a imaginação até aqui infinita dos pais romenos passa a ter limites. O artigo 84 do novo Código Civil, no seu ponto 2, passa a proibir aos funcionários civis do Estado "nomes indecentes, ridículos e outros que afectem a ordem pública, os bons costumes ou os interesses da criança".
Padilla já saiu do hospital!!!
Juan Jose Padilla Arena Saragossa
This afternoon at the Fiestas del Pilar in Zaragoza, Spain, matador Juan José Padilla went up against a bull named Marquis. Padilla loses his footing, and while prone, Marquis gores him under the left ear, with the tip of the horn emerging from Padilla's eye socket.
The video moves too fast to see what happens, but there is a lot of blood. The photo, which you can view here, shows quite clearly the moment of impact. Both come from El Pais, which later replaced the picture with one less graphic. Padilla tonight is listed in serious condition, and there are worries that his vision and hearing may be permanently affected.
B Fachada - Deus, Pátria e Família
Considerando a cadência editorial de dois discos por ano de B Fachada, esperávamos que 2011 trouxesse um "disco de verão", sucessor do "Há Festa na Moradia" de 2010. O que nos chegou, porém, não foi propriamente um disco de verão. Ou melhor, é um disco de verão quente.
Suite de vinte minutos, disponibilizada para dowload gratuito no início de Junho - e que pela net ficará (não haverá edição física)-, chamou imediatamente a atenção pelo título. "Deus, Pátria e Família", a trindade doutrinária do Estado Novo. Aquilo que B Fachada cantava em ritmo de ginga lenta ao piano ou entre planares em sintetizador, aquilo que se ouvia ao longo dos vinte minutos, chamou mais atenção ainda. Versos como "Portugal está para acabar / É deixar o cabrão morrer / Sem a pátria para cantar / Sobra um mundo para viver", ou "Eu não sei português / E que se foda Portugal / Eu canto em fachadês / A minha língua maternal", no seu tom violento e neste contexto de um país abatido e revoltado, resgatado por instituições estrangeiras por décadas de incompetência política, valeram-lhe comparações ao "FMI", de José Mário Branco, valeram-lhe o elogio de quem pertence à geração precária que marchou no 22 de Março e que primeiro adoptou o "Parva que sou" dos Deolinda. Valeram-lhe, em sentido contrário, acusações de anti-patriotismo primário ou de apropriação populista de dolorosos símbolos de memória.
Neste momento, a Mbari, editora de B Fachada, deixou de conseguir contabilizar o número de downloads da canção. Nos primeiros dias, os servidores bloquearam perante a avalanche de utilizadores, entretanto outros internautas disponibilizaram novos links e, agora, tornou-se impossível saber exactamente quantos a ouvem.
B Fachada, nascido em meados dos anos 1980, tem na memória a cópia do "FMI" do pai. Lembra-se da capa, da força da música e da voz. Naturalmente, teve-o presente enquanto gravava "Deus Pátria e Família". Mas o "FMI" a José Mário Branco pertence. Totalmente, inteiramente. Irrepetível, logo insuperável.
A provocação de Fachada é uma outra coisa. É um gesto estético integrada num contexto específico, uma provocação para agitar, o retrato de família que B Fachada, que "não canta em português", fez deste país, ano 2011. Com as pontas soltas da ambiguidade que é uma das suas imagens de marca.
É impossível desligar "Deus, Pátria e Família" do contexto actual, com o país a enfrentar uma crise terrível e com as pessoas descrentes, abatidas, revoltadas. O prolongar deste estado de espírito colectivo foi algo a que, como músico, sentiu obrigatório reagir? Ou foi um jorro, palavras que surgiram, irreprimíveis?
Claro que o contexto é indissociável da canção. Mas, como sempre acontece nos meus discos, ele nasceu de várias ideias diferentes que acabaram por se reunir. Quando comecei, tinha a ideia de fazer o disco erótico, ou o de sintetizadores, ou fazer a continuidade do verão de "Há Festa na Moradia" [editado em 2010]. Havia também algo de mais violento e agressivo [que queria explorar]. A certa altura, coloquei-me o desafio de fazer uma canção longa e foi aí que as ideias começaram todas as juntar-se e a sobressair [este "Deus Pátria e Família"].
É óbvio que este regresso do FMI é representativo de um ciclo. O FMI de volta para mandar em nós, e nós a votar em mais uns tipos que também vão mandar. Tipos que deviam ser brilhantes, mas que não são. É precisamente isso que me faz mais confusão, e não tanto a questão dos esquemas e das pequenas corrupções. Para mim, o centro da canção sempre foi "a terra de amadores" ["Em terra de amadores / Basta ter o pau a meio"], este sentir que, de repente, os alicerces do nosso amadorismo estão em vias de ruir em todas as áreas. Na política deviam estar tipos brilhantes a tratar das coisas, mas afinal são só uma cara para aparecer na televisão e um nome para assinar papéis. E isto quando as pessoas nunca tiveram tanta consciência política quanto hoje, quando nunca houve tanta informação, tanta variedade de perspectivas. Independentemente daquilo que nos fazem crer, continuo a achar que a classe política e os políticos só existirão enquanto acreditarmos neles. Quando deixarmos de acreditar, deixarão de existir e serão substituídos por nós. Porque na verdade são nossos empregados, como aliás se viu na Islândia.
Mas se assim é, o que falha?
O que falha? Por um lado falta ambição, falta pensar em grande. Pensar de uma maneira agressiva e tentarmos ser melhores naquilo que fazemos. Ontem o Norberto [Lobo] dizia-me que só consegue trabalhar com pessoas que façam força para a frente. E isso é de facto necessário, tendo também alguma humildade quando olhamos para o que fizemos antes. Nesse sentido, enquanto músico, talvez tenha sorte por viver num tempo em que se vendem tão poucos discos, porque assim é impossível deslumbrar-me.
Esta seria a altura ideal para todos adoptarmos o método Mourinho. O Jorge Cruz diz, e com razão, que o Mourinho é o nosso Muhammad Ali: um desportista que influencia a cultura através do método. Aquele método da arrogância na imagem aliada a uma humildade no trabalho, que depois é super eficaz. O Mourinho sempre pensou em grande desde o início. E sabe aprender. Ora isto não é nada nosso, é muito mais anglo-saxónico que mediterrânico.
Daí, depreendo, um verso como "sem a pátria para cantar, sobra o mundo para viver". No fundo, é como se dissesse que temos que nos esquecer de Portugal, da ideia colectiva de Portugal, para dar passos em frente.
Temos que relativizar o valor das coisas e questionar sempre, não podemos venerar cegamente nada. Por exemplo, o facto de as pessoas acharem que por eu dizer "que se foda Portugal" estou a falar do país de cada um, estou a dizer que não gosto de sopa da pedra. "Mas Portugal tem coisas tão lindas. Temos o Mourinho e a sopa da pedra". Claro que [a canção] não tem nada a ver com isso. A noção de pátria é uma noção abstracta e é fácil uma pessoa esquecer-se disso, porque todos os dias nos tentam convencer do contrário.
Chamar à canção "Deus, Pátria e Família" é obviamente uma provocação. Quase como se dissesse que, apesar de já não vivermos em ditadura, apesar do 25 Abril, há traços que não se apagam.
Isto sou eu a permitir-me dar uma tareia geracional. Sou eu a dizer que 'Deus, Pátria e Família' foi a maneira como vocês foram educados. Vocês, as gerações que é suposto eu destruir. Porque vivemos um hiato e é preciso abrir espaço para que possa surgir qualquer coisa de realmente interessante. Não eu, não as pessoas que abrirão essas portas, mas as que virão a seguir e que poderão trabalhar com um nível de profissionalismo e de honestidade que não terá comparação com o que aconteceu até agora.
O interessante nessa trindade "Deus, Pátria e Família" é que, primeiro, só soa bem nessa ordem. Se for "Família, Deus Pátria", já não é a mesma coisa. Depois, aquilo não foi lema nenhum, não foram valores nenhuns. O nosso ditador era um ditador amador em comparação com os outros. Era mesmo. Até o Hitler roubava arte, criava museus e reunia património. Todos os países do mundo só se deixaram dominar por gajos horríveis, mas com algum brilhantismo. Nós deixámo-nos dominar por um gajo que não conseguiu ser padre, o que é muito significativo. Isso é que é a maior herança do Estado Novo: um ditador que a única coisa que fez foi plantar trigo, algum turismo, alguém que era uma nulidade cultural. Parece que sabia alguma coisa de economia, mas na verdade resolveu o problema das finanças à porrada, nos anos 30. Essas contradições todas juntas reflectem-nos nos 35 anos que passaram [desde o 25 de Abril]. É explícito nos Globos de Ouro, onde toda a gente sobe ao palco e diz "gostava de agradecer à SIC e à Caras", onde ninguém levanta ondas e todos pedem desculpa por ter ganho. No fundo, toda a gente dá o rabo desde o regicídio. Aí não. Aí matámos o rei não por ele ser um mau rei, mas por nós sermos bons republicanos. Fora isso, é tudo "pode ser", "safa", "não está mal"."
Ao longo dos tempos, fomos vendo surgir esse gesto íntimo e iconoclasta em relação ao país, do amargurado "meu remorso de todos nós" de Alexandre O'Neill [em "Portugal"] ao visceral "FMI" de José Mário Branco. Este disco, também é isso?
Bem, na verdade, tudo isto são chavões estéticos que precisam de ser usados. É preciso criar tradição e esse é o papel que tenho tentado agarrar. Os discos que acho que faltam são os que tenho que fazer. Se cada vez que chega um disco anti-americano vindo da América achamos aquilo inteligentíssimo e super charmoso, então é sinal que falta aqui essa tradição. E, no sentido em que me é permitido dizer mais coisas, se alguém pode ter esse papel, sou eu. É-me desculpado: sou novo e trabalho por conta própria, como tal, posso dizer tudo. Se isso pode ser aproveitado, deve ser aproveitado.
Mas para mim também é um jogo, uma brincadeira. Na verdade, o meu trabalho é musical e a letra serve a canção. De tal forma que eu não posso deixar a letra demasiado explícita se não toma-me conta da música.
Mas afinal devemos ou não levar a sério o que nela canta?
Claro que sim. Mas quero que levem a sério o narrador [da canção]. Eu não sou um político, não falo de verdades. O narrador é que fala. Ou seja, ["Deus Pátria e Família"] não é um manifesto. Não sou eu que quero dizer aquilo, na verdade. É a canção. E eu digo o que a canção quer dizer. Tinha versos incríveis que não entraram porque a canção não os queria dizer.
E quem é esse narrador?
Quem é esse narrador? Não sei.
Nas reacções à canção com que nos temos deparado, ela é muitas vezes associada à frustração da geração de precários que primeiro se mobilizou para o 22 de Março. O narrador surgirá daí, é alguém que partilha esse descontentamento?
Acho que não. A mim interessa-me uma visão mais geral. É óbvio que o que está a correr mal no mundo não é a geração à rasca - e está muita coisa a correr mal no mundo. Vivemos numa altura em que se chegou à conclusão que o mundo assim não funciona. E isso não é específico dos trabalhadores precários a recibos verdes em Portugal. Mesmo em Portugal, o problema nunca será esse e, acima de tudo, nunca poderia ser eu a falar disso, eu que sou de facto um trabalhador por conta própria e que trabalho de facto a recibos verdes. A minha função não é populista, é egoísta. Eu bato no público e o público gosta e é assim que as coisas funcionam. E devia haver toda uma contra cultura a funcionar assim. Foi como aprendi do [Alberto] Pimenta e apesar de não o fazer para a eternidade, faço-o como posso, pelos meus meios.
Agitando e provocando, portanto.
É necessário dar umas tareias de vez em quando que sirvam para desvalorizar e colocar ao ridículo coisas que não devem ser sagradas. A conclusão em relação a Deus da minha canção de vinte minutos é a ausência. Deus está ausente da canção e não há endeusamento de nada. Basicamente, a canção põe a pátria no lixo. Depois, a família sou eu e Deus não é nada. É isto. Porque a pátria não são os bairros que eu conheço e os cafés a que gosto de ir. Cada pessoa tem o seu país e o seu dia-a-dia e a sua família. No fundo, cada um tem a sua religião privada.
Ainda que cada uma das pessoas tenha o seu país, como diz, neste que existe há mais de oito séculos haverá certamente características que as definem enquanto comunidade.
Claro. E a língua é a primeira. Mas é, ao mesmo tempo, o maior sinal de fragilidade cultural. Numa jantarada em Espanha com quinze espanhóis de quinze sítios diferentes, ouvem-se 15 línguas. Ninguém abdica dos seus regionalismos ou da sua pronúncia. Usam um vocabulário diferente para falar das mesmas coisas e todos se entendem. Em Portugal acontece exactamente o oposto. Diluímo-nos linguisticamente com uma facilidade quase pornográfica. Vamos ao Porto e temos medo de pedir uma imperial. Em Lisboa toda a gente fala à lisboeta, porque quem não fala à lisboeta é gozado pelos outros. É uma característica do nosso português fechado e de poucas palavras, especialista em criar entropia para evitar que mude alguma coisa. Mas mudamos o nome de uma avenida para Avenida da Liberdade e a Ponte Salazar passa a ser Ponte 25 de Abril. Gostamos muito de mudar o nome às coisas.
Para que tudo fique na mesma?
Sim. Ainda agora esperámos que aparecesse uma geração de políticos que fosse um "downgrade" da geração anterior para finalmente decidirmos "agora é que é altura de pôr os mais novos a mandar nisto". Que são aquela geração que não teve aulas no 25 de Abril, que esteve dez anos nas associações de estudantes e que, quando não tinha cursos, comprou-os. Esperámos que esses chegassem para decidir que devíamos dar lugar aos mais novos. Mas, ainda assim, temos um Presidente [da República] que já mandou nisto antes. No fundo, até é engraçado, se pensar que, para mim, a grande questão da canção ["Deus, Pátria e Família"] é a cultura. Interessa-me a língua, interessa-me o facto de deixar bem claro que não faço canções em português. Não estou interessado em ser absorvido pela história da cultura portuguesa por cantar em português. A base de toda a ideia é essa, aliada ao agitar, ao provocar reacções que só surgem porque isto está empenado. Se não estivesse, isto era só mais um disco. Nunca pensei que, apesar da ligação ao Estado Novo, o título causasse problemas. Tem causado porque há gente que acha que é o equivalente a pôr uma suástica na capa. Se calhar até é, não digo que não. Mas esse não é o meu trauma. [O título] Pisa outra vez na ferida do país que cresceu com aquilo. E que, na verdade, não é o meu.
Sufjan Stevens no Coliseu do Porto
Este álbum significou uma mudança de paradigma na carreira de Sufjan Stevens, já que ao fim de vários anos a debater-se com a relação intrínseca entre o esmagador e colossal universo celestial e o ínfimo, mas vastamente detalhado universo interior e pessoal, o artista expõe esta sua visão nas músicas que agora apresenta, decorrentes também do seu fascínio pelo funcionamento do sistema nervoso humano e do seu actual estado mais hormonal, como que a viver uma segunda adolescência. Tudo isto, e de facto muito mais, nos foi dito pelo próprio, pois Sufjan Stevens conversou profusamente com o seu público, sentindo necessidade de dar a conhecer o conceito do seu trabalho.
“The Age Of Adz”, enquanto obra musical, é um álbum coeso, com uma grande variedade de camadas sonoras e profundamente texturado, contudo nem sempre de fácil compreensão. Assistir ao concerto e ouvir do seu criador a ligação entre os vários pontos, permite-nos compreendê-lo e criar uma imagem mental mais fidedigna da mensagem nele expressa. A complexidade da obra é tal, que este auto-denominado “singer-songwriter”, faz agora uso de uma banda com vários elementos, apresentando uma performance sólida, divertida na sua diversidade e entusiasmante pela qualidade do trabalho musical.
Aludindo ao nome da música nas asas que se viram abrir em dramático efeito, o concerto começou com “Seven Swans” e deu a conhecer ao público presente a magnificência visual que acompanharia a sonora durante as 2 horas e 10 minutos seguintes. Holofotes, lasers e vestimentas espaciais de várias cores, um ecrã no background a complementar o conceito das músicas e uma cortina frontal que desceu várias vezes a duplicar o efeito dessas imagens, foram vários dos ingredientes que tornaram este num espetáculo único. Infelizmente o Coliseu do Porto estava a meia capacidade.
Seguiram-se no alinhamento “Too Much” e a grandiosa e imponente “Age of Adz”, antes da apresentação de uma cover dos R.E.M., “The One I Love”, apenas com Sufjan Stevens e a sua guitarra, junto à berma do palco, dedicada à pessoa que o artista ama.
Para introduzir a música seguinte, “Now That I’m Older”, Sufjan explica que apesar de ser jovem e talvez não ser ainda indicado pensar nestas questões, sente que é um privilégio ter a possibilidade de envelhecer, sendo que no fundo, nunca é demasiado cedo para se refletir nesse assunto. Pensamos que esta música terá nascido no rescaldo da doença do foro nervoso que o afectou recentemente e das suas consequências face a uma mudança de postura de vida.
Ouviram-se então “I Walked” e “Sister”. Nesta última o artista volta à sua guitarra e a estar perto do público, pedindo a todos que têm irmãs ou que são irmãs, a acompanhá-lo em duas séries de vocalizações que o próprio ensinou na altura. Mais ou menos afinados, a participação foi elevada.
Chegados a “Get Real Get Right”, Sufjan Stevens apresenta-nos a metade que faltava da conceptualização do álbum, bem como a influência desta música. Durante os 20 minutos seguintes, ficamos a saber que nas suas viagens, o artista conheceu Royal Robertson, um profeta auto-aclamado capaz de prever a destruição do mundo. Nos momentos em que se absorvia em experiências extra-corpo, visualizava diferentes partes desse final anunciado e representava-as em pinturas e desenhos, para os quais tinha um dom natural. Era um autodidata que nunca havia frequentado a escola e vivia com a mulher e os seus 15 filhos numa casa que ele próprio construiu. Com o passar do tempo e o agravamento do seu comportamento errático, foi-lhe diagnosticada esquizofrenia, cujo tratamento sempre recusou, até que expulsou a sua família de casa e afixou sinais por todo o interior e exterior da habitação, alertando para o destrutivo e iminente caos que se aproximava. Apesar do caricato de toda a situação, a contemplação das pinturas e dos desenhos, bem como o estudo das teorias de Royal Robertson, permitiram a Sufjan Stevens compreender melhor a sua postura perante a vida e o entendimento do universo em que nos inserimos. É por essa razão que o trabalho gráfico de Royal Robertson é usado na belíssima apresentação multimédia do concerto e faz parte da estética do álbum.
Para o final do concerto, antes do encore, foi guardada a longa e magnética “Impossible Soul”, a magnum opus de Sufjan Stevens, nas suas próprias palavras. Com 25 minutos de duração, tivemos direito a uma performance memorável onde se assistiu às danças das vocalistas assistentes no palco e no topo de colunas, ao equipar de um fato espacial angular por Sufjan, à descida de uma nave espacial abstrata em forma de diamante, mil e uma cores e luzes intermitentes e uma chuva de conffeti. A mensagem principal era a de alegria e partilha, porque “we can do so much together”.
Satisfeito, mas sedento de mais, o público bateu palmas, assobiou, gritou e bateu com os pés durante vários minutos de espera pelo encore. Quando já se duvidava se haveria tal, eis que volta Sufjan Stevens, despido de excentricidade, com uma simples t-shirt e calças cinzentas, para nos apresentar “Concerning the UFO Near Highlands, Illinois” e “John Wayne Gacy, Jr.” no seu estilo mais tradicional, guitarra nas mãos e junto ao público.
A noite não estava ainda terminada sem “Chicago” do álbum “Illinois” de 2005, uma música que o artista gosta de guardar para o final dos seus concertos e que fala da viagem de um jovem pelo mundo fora. Juntamente com a libertação de balões coloridos de variados tamanhos e com a presença de toda a banda na apresentação da música, Sufjan Stevens agredeceu e despediu-se generosamente do público portuense ao som do rebentamento de muitos dos balões libertados, a fazer lembrar fogo de artificio. Um final apropriado a um concerto incrível, onde artista e público se uniram numa experiência transcendente de exploração interna, frenesim visual e deleite sonoro.
Os três porquinhos e o 'subprime' mau
Primeiro, Portugal era um dos PIGS. Agora, estamos a um passo de ser lixo. Quando um país se move na alta finança é logo tratado com outra educação. As "agências de notação financeira" e os "mercados" dizem que o porco está a caminho do lixo. O porco somos nós. E o lixo também, o que é curioso - mas fisicamente improvável, uma vez que não é fácil alguém estar a caminho de si próprio.
Não deixa de ser interessante que estas opiniões dos mercados não sejam propriamente secretas. São publicadas nas primeiras páginas dos jornais. Há manchetes sobre o porco e reportagens acerca da distância a que ele está do lixo. Os mercados podem ter muitos defeitos, mas ao menos são sinceros. Se acham que um país é porco e caminha para o lixo, dizem-lho na cara.
Infelizmente, este tipo de linguagem só se tolera a quem usa gravata. A hipótese de Portugal ripostar parece estar posta de lado. Seria justo que, ao lado de uma notícia que diz "Mercados consideram que o país está a um patamar do lixo", houvesse outra cuja manchete fosse: "Portugal tenta renegociar a dívida junto dos chulos". O problema é que os mercados, além de deterem o capital financeiro, detêm ainda o capital semântico. Tudo o que seja capital, eles açambarcam. Um insulto na boca dos credores é realismo económico, na boca dos devedores é primarismo ideológico.
Esta evolução do jargão económico tem, como é evidente, pontos positivos. A substituição de palavras como subprime e rating por terminologia financeira como "porcos" e "lixo" é um contributo muito saudável para aproximar os cidadãos da vida económica. Pouca gente saberá ao certo o que é o subprime, mas não há ninguém que não saiba o que é um porco. Quanto menos bem sucedidos somos na economia, melhor dominamos o vocabulário técnico, o que é reconfortante. Antes da crise, eu não sabia bem o que poderia significar uma queda no rating. Agora, percebo perfeitamente que sou lixo. O que se perde de um lado em qualidade de vida, ganha-se do outro em conhecimento. A qualidade de vida tem sido sobrevalorizada. O conhecimento é que é importante.
"O desnecessário resgate de Portugal"
Portugal não precisava deste resgate. Foi sobretudo a especulação que precipitou o País para o pedido de ajuda externa. O culpado não foi o governo, mas sim a pressão das agências de “rating”.
Na opinião de Fishman - que escreveu, em conjunto com Anthony Messina, o livro intitulado “The Year of the Euro: the cultural, social and political import of Europe’s common currency” -, a solicitação de ajuda externa à UE e ao FMI por parte de Portugal deverá constituir um aviso para as democracias de todo o mundo.
A crise que teve início no ano passado, com os resgates da Grécia e da Irlanda, agravou-se, constata o professor. “No entanto, este terceiro pedido nacional de ajuda não tem realmente a ver com dívida. Portugal teve um forte desempenho económico na década de 90 e estava a gerir a sua retoma, depois da recessão global, melhor do que vários outros países da Europa, mas sofreu uma pressão injusta e arbitrária por parte dos detentores de obrigações, especuladores e analistas de “rating” da dívida que, por razões ideológicas ou de tacanhez, conseguiram levar à queda de um governo democraticamente eleito e levaram, potencialmente, a que o próximo governo esteja de mãos atadas”, salienta Robert Fishman no seu artigo de opinião publicado no jornal norte-americano.
O sociólogo adverte que “estas forças do mercado, se não forem reguladas, ameaçam eclipsar a capacidade de os governos democráticos – talvez até mesmo o norte-americano – fazerem as suas próprias escolhas em matéria de impostos e despesa pública”.
"Crise em Portugal é completamente diferente"
Apesar de as dificuldades de Portugal se assemelharem às da Grécia e da Irlanda, uma vez que os três países aderiram ao euro, cedendo assim o controlo da sua política monetária, o certo é que “na Grécia e na Irlanda, o veredicto dos mercados reflectiu profundos problemas económicos, facilmente identificáveis”, diz Fishman, realçando que “a crise em Portugal é completamente diferente”.
Em Portugal, defende o académico, “não houve uma genuína crise subjacente. As instituições económicas e as políticas em Portugal, que alguns analistas financeiros encaram como irremediavelmente deficientes, tinham alcançado êxitos notáveis antes de esta nação ibérica, com uma população de 10 milhões de pessoas, ser sujeita a sucessivas vagas de ataques por parte dos operadores dos mercados de obrigações”.
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“A crise não resulta da actuação de Portugal. A sua dívida acumulada está bem abaixo do nível de outros países, como a Itália, que não foram sujeitos a avaliações [de ‘rating’] tão devastadoras. O seu défice orçamental é inferior ao de vários outros países europeus e tem estado a diminuir rapidamente, na sequência dos esforços governamentais nesse sentido”, refere o professor, que fala ainda sobre o facto de Portugal ter registado, no primeiro trimestre de 2010, uma das melhores taxas de retoma económica da UE.
Em inúmeros indicadores – como as encomendas à indústria, inovação empresarial, taxa de sucesso da escolaridade secundária e crescimento das exportações -, Portugal igualou ou superou os seus vizinhos do Sul e mesmo do Ocidente da Europa, destaca o sociólogo.
...
Assim, no seu entender, “não há que culpar a política interna de Portugal. O primeiro-ministro José Sócrates e o PS tomaram iniciativas no sentido de reduzir o défice, ao mesmo tempo que promoveram a competitividade e mantiveram a despesa social; a oposição insistiu que podia fazer melhor e obrigou à demissão de Sócrates, criando condições para a realização de eleições em Junho. Mas isto é política normal, não um sinal de confusão ou de incompetência, como alguns críticos de Portugal têm referido”.
E poderia a Europa ter evitado este resgate?, questiona-se. Na sua opinião, sim. “O BCE poderia ter comprado dívida pública portuguesa de forma mais agressiva e ter afastado a mais recente onda de pânico”.
...
“No destino de Portugal reside uma clara advertência a outros países, incluindo os Estados Unidos. A revolução de 1974 em Portugal inaugurou uma vaga de democratização que inundou o mundo inteiro. É bem possível que 2011 marque o início de uma vaga invasiva nas democracias, por parte dos mercados não regulados, sendo Espanha, Itália ou Bélgica as próximas vítimas potenciais”, conclui Fishman, relembrando que os EUA não gostariam de ver no seu território o tipo de interferência a que Portugal está agora sujeito – “tal como a Irlanda e a Grécia, se bem que estes dois países tenham mais responsabilidades no destino que lhes coube”.
Porque é Primavera...
Panda Bear - Last Night At The Jetty
Faz parte do alinhamento de "Tomboy" e é sem dúvida uma das grandes canções de 2011.
Panda Bear - Last Night At The Jetty by bigasslens
‘Fight For Your Right – Revisited’ Trailer
One of the main questions everyone asked when the film was announced was, when are we going to get to see it? Well, it seems like the full 30 minutes version will be released when the Beastie Boys put out their new album, Hot Sauce Committee Part Two, on May 3. Until then, you’ll just have to watch the trailer, which is embedded after the break.
Panda Bear - Tomboy
O Norte-americano vive em Portugal e revelou à revista Mojo o nome das canções novas. Benfica, nome de bairro e clube de Lisboa, está entre elas.
Panda Bear vive há alguns anos em Lisboa, onde casou com uma estilista portuguesa, e revelou recentemente, em várias entrevistas, simpatia pelo clube da Luz.
O músico já tinha, de resto, apresentado "Benfica" ao vivo.
Na mesma entrevista, citada pela pitchforkmedia, Noah Lennox confessa ter sentido "muita pressão" vinda de si mesmo para "apresentar algo realmente bom" e refere-se a influências como Kurt Cobain e Bach.
Sons de 2011 (2)
Little Dragon - My Step
MEN - Credit Card Babie$
The Dodos - Black Night
Fleet Foxes - Grown Ocean
Destroyer - Kaputt
Destroyer, "Savage Night At The Opera" by blatanti