The search for true love begins outside the box
A solidão, ao contrário do que se possa pensar, não se restringe apenas à simplificadora condição de alguém que se encontra só. Corresponde a um estado bem mais complexo… por mais estranho que possa parecer, mesmo rodeados por pessoas podemo-nos sentir sós… por mais que olhemos para todos os lados não vislumbramos ninguém...
Agora que termino de ver Lars and the Real Girl, digo-o com toda a justiça que este é um dos filmes mais apaixonantes de 2007 pela forma original e honesta como retrata os meandros das relações humanas. Ryan Goslings prova, mais uma vez, que é um dos maiores talentos da sua geração.
O filme gira em torno da solidão de Lars, do seu fracasso na ligação com os outros e do facto de ter que encarar o mundo com o rótulo de “anormal” tornando-se um símbolo de piedade.
Reconheço que a relação entre um homem e uma “blowup doll” pode, à partida, torcer uns quantos narizes… no entanto, não se deixem atraiçoar pelas aparências… aqui a leviandade e devassidão não marcam passo … na demanda pela “cura”, a solidão e a angustia mental falam mais alto... a boneca pode não ser real mas o amor que Lars sente por ela é… puro e inócuo atalho interlocutor…
Na realidade, Lars and the Real Girl é uma viagem à procura da normalidade. À medida que Bianca se torna mais humana, paralelamente Lars torna-se mais normal.
Basicamente, ele necessita de alguém com quem possa falar e não lhe responda de uma forma que não gosta ou que não tenha pena por ser como é.
Numa altura em que se venera e se canoniza a utilização dos efeitos especiais como item indispensável na realização de um filme, acredito que este filme, por ignorar esta fórmula máxima de entretenimento, poderá repelir muita gente. Fosse Bianca concebida digitalmente, provavelmente por algum estúdio de anime japonês (leia-se: hentai), e estou certo que a história de sucesso nas bilheteiras seria outra…
No entanto, para aqueles que cuja pirotecnia tecnológica não enche o olho e, acima de tudo, procuram uma história cativante e meritória do seu precioso tempo, então, podem crer que este filme não desencadeará nenhuma amarga desilusão…
É uma história de abertura bem como da importância em permitir o que, à primeira vista, depreciativamente se pensa ser inaceitável e diferente, na verdade, pode ser completamente aceitável.
O filme consegue despontar essa cada vez mais rara competência de nos envolver no seu enredo e fazer-nos acreditar que a bondade e compreensão Humana (ainda que faltem milhares de anos de evolução para que o Homem atinja o nível ficcionado) existem, transformando os nossos ideais.
Impele de forma corajosa uma mensagem incrivelmente positiva e baluarte sobre a capacidade de uma comunidade em curar uma “alma” agitada através da aceitação e compaixão.
Porque abomino a solidão (como seres bio-psico-socio-culturais existirá sentimento humano mais desafortunado?) recomendo-o a todas as pessoas, em particular, aquelas que tão sós se sentem…
… e, quase que de forma incontornável, não terminava sem antes “jacular” para as bocas do mundo virtual a seguinte contenda:
Numa sociedade cada vez mais fechada entre si, até que ponto a popularidade da blogosfera não será sinónimo de um crescente isolamento social? Facto ou perfeito disparate!?
6 comentários:
sabe que I L-O-V-E o teu lado romântico... hihi :)
kisses
Ah!
Gostei muito do filme, até onde vi... prometo ver o final logo que possa. Eu juro!!!
"blogosfera não será sinónimo de um crescente isolamento social"
Bem, no nosso caso acabou por ser exactamente o contrário....
Um abraço shibo
Moita Flores disse outro dia na Sic Noticias que as pessoas blogam por solidão ou narcisismo...
Algo me diz que ele anda a ver este blogue... refiro-me, é claro, ao facto de ter apontado o pormenor do narcisismo!
Henry Rollins (playing a radio show host): What's your latest obsession?
Hank (being interviewed): Just the fact that people seem to be getting dumber and dumber. You know, I mean we have all this amazing technology and yet computers have turned us basically into four-fingered wank machines. The Internet was supposed to set us free, democratize us, but all it's really given us is Howard Dean's aborted candidacy and 24-hour-a-day access to kiddie porn. People...they don't write anymore - they blog. Instead of talking, they text, no punctuation, no grammar: LOL this and LMFAO that. You know, it just seems to me like a bunch of stupid people pseudo-communicating with a bunch of other stupid people in a proto-language that resembles more what cavemen used to speak than the King's English.
Henry Rollins: Yet you're part of the problem, I mean you're out there blogging with the best of them.
Hank: Hence my self-loathing.
ehehehheehh...
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