"I am Shiva, God of Death"

Um filme que retrata o lado obscuro dos advogados… e a protecção que fornecem às grandes corporativas científicas mantendo-as incólumes dos seus crimes que conspurcam o panorama actual da medicina.

Michael Clayton (George Clooney) é um advogado que desliza através de várias fases: a cumplicidade, a culpa e a denúncia.

Cessado o visionamento deste filme, não consigo deixar de pensar nele. Reparem só no deslumbrante discurso que dá início à película:

Caro Michael, claro que és tu. Quem mais iam eles mandar? Quem mais é de confiança? Eu sei que é longe e que vais trabalhar, mas espera. Espera! Escuta-me por favor, porque isto não é uma crise, uma recaída... um pé-na-argola. Suplico-te, Michael! Suplico-te! Faz com que acreditem que não é loucura, porque não é... apenas loucura.

Há duas semanas, saí do edifício, e estava a atravessar a 6ª avenida. Tinha um carro à minha espera. Tinha 38 minutos para chegar ao aeroporto. Eu ia a ditar com uma secretária frenética, ao meu lado. Ela tomava notas num bloco e de repente começa a gritar! E eu apercebo-me de que estávamos no meio da rua, os semáforos abriram e vinha uma parede de carros na nossa direcção!

Eu... eu congelei, não podia mexer-me. De repente, sou consumido pela horrível sensação de estar coberto por um tipo de película. Tinha no cabelo, na cara... como uma camada, como... uma cobertura.

Primeiro ainda pensei:"Meu Deus! Eu sei o que é isto". É um tipo de fluido amniótico. Estava mergulhado nos restos do parto! Sai da crisálida, renasci! Mas depois... o trânsito, a multidão, os carros, os camiões, as buzinas a gritar! E eu... não, não, nada disso. Isto não é o renascimento! É uma ilusão de renovação que acontece no instante final antes da morte!

Depois pensei, não... estou enganado. Porque olhei para trás, para o edifício e tive um assombroso momento de clareza. Eu... apercebi-me, Michael, de que tinha emergido, não pelas portas da Kenner, Bach e Ledden, não pelos... portais da nossa vasta e poderosa firma jurídica. Mas do ânus de um organismo cuja única função é excretar... o veneno, a munição, o herbicida necessários a outros, organismos maiores, mais poderosos, para destruírem o milagre da Humanidade!

Eu tenho estado coberto por esta tetina de merda durante a melhor parte da minha vida!

O cheiro e o fedor vão levar o resto da minha vida para sair. Sabes o que fiz a seguir? Respirei bem fundo e pus aquela noção de parte. Guardei-a. Disse para mim próprio:

"Por mais claro que isto possa ser, sinta-me eu como me sentir... por mais coisas que eu aqui presenciei... devo esperar. Tem de passar a prova do tempo. E, Michael, o momento é agora!"

O filme está repleto deste tipo de preciosismos filológicos. No mínimo, inspiradores…




Espero não ter defraudado as expectativas dos regulares transeuntes deste blogue (que já deviam andar sedentos por novidades) e com este post, pelo menos, ter arrancado um ténue sorriso….

3 comentários:

O Império disse...

Transeuntes? porquê o plural? sabes bem que só ha uma pessoa que te vem visitar... ehehehe

Essa do porco está bem enfiada... ;)

Badalhoco..

O Império disse...

Em relação ao filme... Vamos ver?... ou deixamos o mari escolher outro filme? :)

Pepezito disse...

Quem não viu, tem aqui uma excelente proposta para ver nas férias...