Em 1964, o realizador Stanley Kubrick iniciou uma colaboração com o escritor Arthur C. Clarke num projecto cinematográfico de ficção científica sobre o Homem e uma misteriosa civilização alienígena.
Clarke sugeriu que eles utilizassem uma curta história sua, designada de “The Sentinel” que conta as crónicas de uma expedição espacial que descobre um objecto enterrado na Lua.
2001: A Space Odyssey não foi, nem de longe nem de perto, um filme querido quando o vi pela primeira vez. Afinal de contas apenas tinha 10 anos.
Agora, com mais alguns aninhos em cima do pêlo e a mente ligeiramente menos precoce, decidi dar uma vista de olhos à versão de alta definição que me veio parar às mãos (maravilhas logísticas que o emule gentilmente insiste em me ceder).
O que posso dizer é que o filme arrasou comigo (no bom sentido), deixando-me paralisado sem saber exactamente o que pensar.
Nem mesmo os escassos 40 minutos de diálogo ouvidos durante todo o filme me fizeram confusão desta vez. O uso das agora instantaneamente identificáveis peças orquestrais produzidas por Richard Strauss (”Also Sprach Zarathusta”) e Johann Strauss (”The Blue Danube”), utilizadas por Kubrick para contarem a história, fazem o que dificilmente qualquer diálogo poderia fazer. Tornam esta película numa formidável obra de poesia cinematográfica.
2001 estimulou a minha imaginação de um modo que a maioria do filmes de ficção científica apenas podem sonhar. A inspiração de Kubrick criou uma poderosa, influente e singular obra visionária do universo que não se cinge a um mero local para batalhas espaciais entre humanos e seres extraterrestres. É também um espaço de uma vastidão mística, um enigma infinito por desvendar.
Não consigo compreender por isso, como é que algumas mentes o classificam de medíocre, chato, incomodativo ou, possivelmente, a três ao mesmo tempo.
Bem sei que maioria dos filmes não são feitos para “cabecinhas pensadoras”. O típico filme deve ter como premissa o único intuito de facultar o relaxamento e, ocasionalmente, provocar entretenimento.
Acredito, por isso, que 2001 seja um desafio intelectual, particularmente para as pessoas que durante o seu período escolar adormeceram nas aulas de ciência ou de história.
Tanto ao filme como ao livro é-lhes muitas vezes atribuída uma artística categoria que certas pessoas apelidam de “Hard science-fiction”, que eu, no gozo, gosto de traduzir para “ficção científica que nos faz pensar”. Não me admiraria nada que, um dias destes, essas pessoas fossem confrontadas com um dos tais monólitos à porta de suas casas.
2001 é, e continuará a ser, um dos filmes visualmente mais espectaculares alguma vez feitos.
Todo ele foi extraordinariamente bem realizado, com um ritmo bem construído, criando não só um imaginário fenomenal mas também, para aquele ano de 1968, uma incrível conquista.
A minha maior desilusão é assistir, embora o turismo espacial esteja cada vez mais na moda, à decisão das maiores potências mundiais em emagrecer o orçamento da exploração espacial e dedicar uma excessiva quantia de recursos e energia na produção e procura de armas de destruição maciça.
Assim sendo, aconselho o visionamento desta obra-prima da 7ª arte (como a leitura do livro) pelo menos uma vez na vida, desde que se cumpram os requisitos mínimos salientados acima a negrito.
10 comentários:
I'm sorry Pepezito but I can't read it all
Quando estou contigo, sinto que estou a viajar no espaço...
Pepezito,
tem uma boa semana, sim?
(Caneco, gostava mais do outro template... Não páras quieto...)
Olha, mandas-me para o mail da Lisa o embebed do videio q tens no post anterior? :)
Beijão!!
(Quem é essa vanessa, Pepezito??????????????????????)
Vi esse filme quando era pequeno e ficou uma marca... tal como a marca que ficou quando vi o Exorcista tambem em pequeno (neste caso chamar-lhe-ia trauma)..
É na minha opinião o melhor filme que já foi alguma vez feito.
No entanto só consegui entender a profundidade da história quando li o livro mais tarde... Acho que a parte final está muito mais perceptivel no livro. Só aí se entende realmente o sentido do rejuvenescimento da personagem principal.. do bebé cosmico.
Um abraço pepezito.
E já agora, gostei muito do que escreveste e da forma como escreveste..
abraço
Um duplo obrigado para ti Império, meu caro amigo de longa data.
Mark my words:
Uma das razões porque continuo a despender algum do limitado tempo neste paralelo mundo virtual, que é a blogosfera, é por tua causa, pois rara é vez (se é que houve) que tu não deitas-te uma vista de olhos ao que aqui foi escrito.
Não quero que com esta abnegada revelação te sintas na obrigação de manteres a assiduidade exemplar demonstrada até ao momento.
Contudo, e sem te querer pressionar, digo-te que seria uma tremenda desilusão se tal não acontecesse.
Podes sempre recorrer à velha técnica do "gostei muito, em especial aquela parte que dizia..." sabendo nós à prior que esta teria sido a única a ser lida.
Quanto à “profundidade da história” concordo que o livro torna-a bastante mais acessível.
Aliás, muitos dos símbolos do filme continuam a ser um mistério e entendidos consoante a interpretação de cada um.
Mas, é também aqui, que o filme se revela uma mais valia.
Só para teres uma ideia, quando o filme estreou, no longínquo ano de 1968, era acompanhado por um folheto que explicava o enredo do filme.
Por isso é que aconselho em primeiro lugar o visionamento do filme, para dar asas à imaginação e só depois a leitura do livro como complemento.
Um grande abraço aqui do mano.
... o exorcista também me deixou mazelas psíquicas, mas não tantas como "The Shining"...
… ainda hoje, o meu esfíncter anal, tem dificuldades em conter o escorrimento diarreico toda a vez que vejo a cena da velhota na casa de banho...
Trocando isto por miúdos, tal como há alguns anitos, ainda me borro todo...
Lisa:
Tens razão quando dizes que não páro quieto!
Até pelo Wordpress me aventurei...
http://pepezito04.wordpress.com/
tu andas a impor a tua omnipresença na net!!
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